Se, ao longo dos anos, as mulheres foram à luta pela igualdade entre os sexos, isso não impediu que levantassem uma bandeira também pelos espaço privilegiados para o público feminino. Uma contradição?
A variedade de espaços exclusivos para o público feminino cresce a cada dia, nas academias, nos meios de transporte e até nas sex shops....
As academias só para mulheres, por exemplo, representam um setor em expansão. Com equipamentos desenvolvidos especialmente para elas, onde até os profissionais são do sexo feminino, atinge a marca de 8 mil unidades espalhadas por 17 países do planeta, contatando com mais 4 milhões de sócias nos Estados Unidos, Canadá, Europa, América do Sul, Caribe, México, Austrália e Nova Zelândia, segundo a academia Curves.
As freqüentadoras se dizem satisfeitas, ponderando que numa academia convencional não se sentam à vontade, pois a concorrência é muito grande, várias alunas passam mais de duas horas malhando e se incomodam com os olhares dos homens. “Eu acordo super cedo, coloco qualquer roupa que tenho para malhar, não quero ir linda para academia, quero é que o resultado me deixe uma princesa”, confessa Ana Paula Freitas, aluna da Curves, em Copacabana.
A estudante de medicina Jaqueline Avelino, de 24 anos, que freqüenta uma “academia feminina” na Tijuca, concorda. “Nas academias normais, sempre tem algum homem reparando em você. Sem contar o exibicionismo. Aqui, são só 30 minutos de aula, nem dá tempo para bater papo e reparar em ninguém”, observa.
Segundo a revista americana Entrepreneur, a franquia de academias restritas ao público feminino é que mais cresce no mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, existe uma para cada dois McDonald's. A informação já entrou no Livro dos recordes como “A maior franquia de fitness do mundo”.
Também no transporte, as mulheres contam com espaços especiais. No Rio de Janeiro, há uma lei que determina que de manhã e à noite, trens e metrô devem destinar um vagão só às mulheres, devido a inúmeras reclamações de abusos cometidos pelos homens. Todos os dias 400 mil pessoas viajam nos trens da Central do Brasil e 500 mil usam o metrô. Nas horas de maior movimento, empurra-empurra, vagões lotados e muita gente em pé, as mulheres, que representam 49% dos passageiros, passam por situações difíceis.
Foi pensando em dar mais conforto e tranqüilidade para as passageiras que a Assembléia Legislativa do Rio aprovou projeto de lei do deputado Jorge Picciani (PMDB) que obriga as concessionárias de trens e metrô a criarem o vagão especial. As que quiserem vão poder continuar a viajar nos vagões mistos “Mais que nos proteger de roçadas indesejadas, estes vagões acabaram por dar um pouco de poder às mulheres. Pelo menos ali, no trem, conseguimos exercer nosso direito”, diz a secretária Ana Luiza Silva, que pega o trem na Central do Brasil, todos os dias às 6 da tarde.